Chega o inverno… Tempo de dificuldades, de escassez, de recolhimento. Quando esse estresse é muito prolongado ou muito intenso a depressão bate em nossa porta. E como você está? Está preparado? Quais recursos você tem para reagir?
E então aparece essa espécie de perda do gosto pela vida. Uma incapacidade de saborear realmente cada momento… E a prova disso é a tão comum perda de apetite, pois nem aquela comidinha tão amada e tão prazerosa nos amina mais como antes. E esse estresse gera também a irritabilidade, a ansiedade que acaba refletindo em várias regiões do corpo.
Sim, o estresse causa queda de cabelo (o mecanismo como isso ocorre é assunto que daria um novo texto) e é por isso que hoje, eu gostaria de conversar com você sobre esse tema tão importante.
Foi detectado no cérebro dos pacientes com depressão, níveis diminuídos de serotonina e/ou aumentados da enzima monoaminoxidase em algumas regiões cerebrais como o córtex pré-frontal, hipocampo e amígdala cerebral (Sistema Límbico). A serotonina é a molecula da felicidade, da sensação de bem estar. Muitos medicamentos atuam nesta via, impedindo sua recaptação na fenda, e dessa forma, a serotonina age por mais tempo.
Na emergência, sou a favor da administração da medicação por um determinado tempo com o acompanhamento de um especialista com a função de tirar a pessoa da crise. Afinal, quando estamos muito fragilizados, precisamos de auxílio, de um empurrãozinho que nos ajude a levantar.
Porém, chega uma hora que precisamos tomar as rédeas de nossa própria vida, pegarmos o volante e dirigirmos para onde queremos ir. A medicação auxilia, mas ela por si só não é a salvação de todos os males.
Busquemos a real causa da alteração bioquímica. Isso, só nosso eu mais íntimo é quem sabe a resposta. Portanto, eu te pergunto:
“Qual a informação e qual o comando você está dando para seu cérebro hoje?”
Com o avanço da neurociência, podemos compreender esse transtorno sob um outro ângulo. Sei que muitos não vão acreditar e/ou aceitar e vão dizer: “Não sou responsável, pois não quero ter depressão… É culpa da genética, do cérebro, da molécula, da situação, do outro… A culpa é das estrelas e não minha!”. Pode ser, e não tenho a pretensão de mudar suas crenças, mesmo porque eu acredito que só você tem o poder de mudá-las e cada um caminha num ritmo próprio…
Nosso cérebro, assim como o Universo, está em construção! E já é comprovado pela Ciência que não somos vítimas dos nossos genes e da nossa fisiologia (como acreditávamos). Somos nós que informamos aos nossos genes-órgãos a maneira como eles devem trabalhar. Criamos a sequência de informações e disparamos sinais (moléculas, neuropeptídeos, hormônios) para o corpo/mente trabalharem o tempo todo da forma como bem queremos. E é essa informação que vai gerar uma emoção específica (positiva ou negativa). Informação que enviamos ao nosso cérebro, o qual grava bem esse comando e envia exatamente a mesma mensagem ao corpo. Ambos trabalham em harmonia. E mais, o poder do hábito, estende também para as reações biológicas, ou seja, você vai se condicionar a agir sempre assim, exceto se você tiver disposição para trabalhar e fazer algo diferente.
“Cada célula humana contém 1 milhão de receptores para receber estas substâncias químicas. Assim, quando estamos tristes, nosso fígado está triste, nossa pele está triste”, Susan Andrews
E você pode me perguntar, “Mas como fazer para agir diferente?”
Precisamos fortalecer nosso lobo frontal que é o grande CEO do nosso cérebro. Ele é o responsável pelo pensamento consciente e tomada de decisões, ou seja a AÇÃO. Por isso é que devemos pensar, analisar e observar o que estamos sentindo… Pensar em qual é a mensagem enviada pelo nosso corpo. Sim, o corpo fala e grita conosco o tempo todo! Mas nós temos a mania de ignorá-lo ou subestimá-lo. Queremos apenas usá-lo da forma como bem entendemos, não é mesmo?! Do tipo: “Se vira, você precisar aguentar e dar conta, pois eu preciso disso ou daquilo e pronto!”.
“Qual a informação e qual o comando você está dando para seu cérebro hoje?”
A sugestão é: CRIEMOS!!! Criemos novos pensamentos, sentimentos, emoções, formas de comunicação, ou seja, uma nova programação entre nosso cérebro e nosso corpo, onde ambos possam falar a mesma língua.
Difícil?! Sim! Ninguém disse que seria fácil, não é mesmo? Ninguém nunca disse que seria tão difícil… Veio em minha lembrança agora, a música The Scientist do Cold Play, que por sinal foi a primeira música que aprendi a tocar no piano.
O contexto sociocultural inibe que manifestemos nossas emoções, pois elas ainda são interpretadas como fraquezas. O sistema nervoso parassimpático (embora ativado) é bloqueado. Essa falha na comunicação, provoca um desequilíbrio neurovegetativo interno desencadeando doenças. A impossibilidade de manifestar as emoções verdadeiras resulta numa autoagressão que reflete diretamente no organismo (doenças) para nos lembrar que precisamos resolver essa questão, pois o nosso corpo não está entendendo como proceder mais.
Admiro muito as pessoas que conseguem fazer isso sozinhas, mas se você não entra na exceção, procure ajuda! Não precisamos saber de tudo e muito menos fazermos tudo sozinhos. O importante é seu “querer ser ajudado”. Hoje em dia, temos muitos recursos, técnicas e profissionais competentes de diversas áreas dispostos a ajudá-lo. Portanto, não hesite e procure ajuda, ok?
Sim, você tem outra opção… Continuar com aquela pílula milagrosa para o resto de sua vida (falarei dos efeitos colaterais a longo prazo desses medicamentos em outro texto). Mas não se esqueça que a vida é feita de escolhas e que a decisão sempre estará em suas mãos!
“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” Cora Coralina
Rerefências Bibliográficas:
- O livro do Cérebro, Rita Carter.
- Da emoção à Lesão – Um guia de Medicina Psicossomática, Geraldo José, Ida Vani e Eurico Pereira.