É POSSÍVEL VOLTAR A TER CACHOS DEPOIS DE UM ALISAMENTO QUÍMICO?
Hoje vou abordar um assunto tanto quanto extenso, pois envolve fatores que necessitam de uma série de compreensão, mas tentarei deixar o mais dinâmico possível, ok?!
Vou começar a responder a pergunta acima, SIM, é possível ter cachos novamente. Simples e objetiva, mas algumas perguntas precisam serem feitas antes de iniciar o retorno de seus cachos:
- QUAL BASE ALISANTE FOI USADO EM SEU CABELO?
- QUANDO FOI SUA ÚLTIMA QUÍMICA?
- QUAIS OS CUIDADOS E PRODUTOS UTILIZADOS EM CASA?
- FEZ O TESTE DE MECHA? QUAL O RESULTADO?
Mesmo respondendo essas perguntas, um profissional consciente realizaria antes de qualquer procedimento químico, um teste de mecha para avaliar qual o grau de resistência que o cabelo apresenta e se ele suportará tal procedimento. Veja a estrutura das pontes presentes nos cabelos. Cada uma destas pontes tem suas características e funções.
Infelizmente, temos um crescente muito grande de alisamentos ilegais em nosso país que atuam no cabelo por deposição de resíduos ácidos e corrosivos mediante os níveis de pH, e comprometem a compatibilidade do cabelo com outros produtos.
Com o passar dos anos, os mecanismos convencionais reconhecidos e legalizados pela ANVISA foram esquecidos, como já falamos dos ativos poderosos para cabelos danificados. São esses:
- Hidróxidos: atuam na parte externa do cabelo (cutícula) promovendo uma reação no cabelo de lantionização, ou seja, o desligamento parcial de algumas moléculas de enxofre;
- Tioglicolatos : atuam na parte interna do cabelo (cortéx) promovendo uma reação de oxirredução, ou seja, a mudança do aminoácido cistina em cisteína, que mais flexível e menos rígida em comparação a cistina.
Para retornar os cachos ou desenhar uma nova formação no cabelo, vai uma dica valiosa: Precisamos de um mecanismo que tenha duas características principais:
- CAPACIDADE DE SOLUBILIZAR (NEUTRALIZAR) ESSES RESÍDUOS DEIXADOS POR ESSAS “ESCOVAS ÁCIDAS”
- POSSUIR UM PH (FATOR QUE DETERMINA O QUANTO O PRODUTO VAI INTERAGIR COM O CABELO DE FORMA AGRESSIVA OU NÃO) QUE PERMITA UMA COMPATIBILIDADE COM ESTE CABELO PROCESSADO E QUE TAMBÉM MANTENHA A INTEGRIDADE DO MESMO
Atualmente sabe-se que este produto já existe, e que faz parte de um grupo químico já citado no texto, os tioglicolatos que é constituído da clássica reação ácido – base:
C4H11NO + C2H4O2S = C6H13NO2S + H2O
Grupo Base Grupo Ácido
Amino Metilpropanol + Ácido Tioglicólico = Tioglicolato de AMP + Água
AMP Ultra PC 2000 é uma alcanolamina primária com 95% de ativo e 5% de água, utilizada como neutralizante há mais de 20 anos pela indústria cosmética. Comprovadamente seguro (teor de amina secundária e nitrosamina de acordo com o permitido em produtos de cuidados pessoais e cosméticos), é aprovado na comunidade Europeia, Japão e EUA. A alcanolamina não altera a coloração da formulação, pouco volátil e praticamente incolor. Promove economia: seu baixo peso molecular e largo espectro de atuação como base equivalem a 1/3 da quantidade normalmente aplicada em formulações, em comparação a outras aminas menos eficientes e de alto peso molecular (LEITE, 2009).
Ao aplicar o produto Tioglicolato de AMP é observado, a cada aplicação, a remoção parcial dos resíduos deixados pelas escovas ácidas. Com isso surgiu também o termo “Desintoxicação capilar”, no qual é possível melhorar a qualidade do cabelo por remover o produto que está comprometendo a fibra, as colorações, descolorações e outras bases alisastes, além de oferecer a possibilidade de retornar os cachos do cabelo ou redesenhá-los em uma nova condição.
Oriento sempre os clientes e leitores a procurar um profissional que se preocupe com a qualidade do seu couro cabeludo e cabelo, pois até as químicas capilares seguras e legalizadas, possuem riscos, e nesses casos, é preciso fazer um levantamento do histórico químico do cabelo, realizar um teste de mecha e se necessário realizar tratamentos no cabelo antes do processo final.
Independente do produto ser suave ou testado dermatológicamento, ainda assim é química, mas possui mais segurança para o profissional que executa e o cliente que receberá o tratamento.
“Como sempre, o professor da Academia Brasileira de Tricologia Eduardo Motta, trazendo informações enriquecedoras da área da tricologia cosmética para os leitores e pacientes da Folyic e para TODOS os profissionais da saúde e beleza (médicos, farmacêuticos, químicos, cabeleireiros, terapeutas capilares) que cuidam dos cabelos das pessoas. Dra Anaflávia Oliveira.”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
– LEITE, J. Boletim técnico AMP-ULTRA PC 2000. 2009.
– CRUZ, C. Et. Al. Procedimentos capilares de transformação como mecanismos de danificação à fibra capilar. Ulbra Santa Maria, 2009.
– FONT, E. Fotoprotección capilar – Ortocórtex e Paracórtex. Madrid, 2004.