Intolerância ao glúten e queda de cabelo

Oi Pessoal, estou de volta! E o tema que escolhi hoje foi de um texto meu que fez muito sucesso ano passado; foi o texto mais lido em alguns sites que escrevo. Falarei sobre a relação da intolerância ao glúten e doença celíaca com a queda capilar? Resolvi compartilhar meus conhecimentos sobre este tema com vocês, pois ainda existe muita confusão até mesmo entre os profissionais de saúde. Percebo frequentemente, que muitos não associam a doença celíaca às quedas capilares. Se você tem restrições quanto ao glúten, fique atento também à saúde de seu cabelo: Está caindo? Perdeu volume dos cabelos? Seu fio de cabelo está afinando há algum tempo? Pode ser um sinal de que o glúten também está afetando seus cabelos.

As condições abaixo podem ocorrer com maior frequência em pacientes que já possuem problemas de saúde relacionados ao glúten do que na população normal:

  • Eflúvio Telógeno Crônico (queda difusa do cabelo): Isso ocorre por deficiência na absorção de diversos nutrientes no intestino importantes para a fase de crescimento (fase anágena) e desenvolvimento (espessamento) dos fios. Ou seja, você pode ter uma alimentação saudável e rica em nutrientes, mas caso não haja uma absorção adequada no intestino, o nutriente não chegará às células do folículo piloso o que acabará prejudicando todo seu sistema metabólico. O mecanismo dessa alteração é pelo fato de que o glúten causa uma inflamação crônica da parede intestinal provocando alteração da permeabilidade intestinal e assim prejudica todo o mecanismo de absorção.
Veja como o glúten causa alteração da parede intestinal, diminuição da absorção de nutrientes e consequentemente a queda de cabelo. Fonte da imagem: http://www.brasilescola.com

Veja como o glúten causa alteração da parede intestinal, diminuição da absorção de nutrientes e consequentemente a queda de cabelo. Fonte da imagem: http://www.brasilescola.com

  • Alopecia Areata (popularmente chamada de pelada; placas de alopecias no couro cabeludo): De origem autoimune. Na polulação normal, a incidência é em torno de 0,7 a 1% e nos celíacos/intolerantes sobe para 3,8% de casos dessa alopecia. Há pouco tempo, foram publicadas muitas pesquisas italianas mostrando a recente associação da DC (doença celíaca/intolerância) com Alopecia Areata. O mecanismo dessa alteração é pelo fato da inflamação crônica da parede intestinal de longa data causar “falhas” na parede do intestino, que além de diminuir a absorção de nutrientes também aumenta a penetração de substâncias tóxicas e alérgicas. O sistema de defesa é ativado e inicia a produção de complexos antígeno-anticorpo que atacam estruturas saudáveis, como por exemplo o folículo piloso, o que causa esse tipo de alopecia.
  • Outras alterações: Diarreia com fezes fétidas, claras, volumosas, com ou sem gotas de gordura ou prisão de ventre; edema nas pernas, anemia, diminuição da fertilidade, sinais de desnutrição, flatulência, irritabilidade, distensão abdominal, dor abdominal, osteoporose e outras alterações dermatológicas de pele e mucosas (dermatite herpetiforme, urticária crônica, angioedema hereditário, vasculites, dermatite atópica, psoríase, doença de behcet, líquen plano, lúpus eritematoso, dermatomiosite, doenças bolhosas, eritema nodoso, eritema elevatum diutinum).

Os sinais e sintomas podem iniciar na infância ou já na fase adulta. Além disso, têm intensidades muito variáveis, podendo ser graves em alguns pacientes e quadros muito leves em outros sendo que, neste último caso, as pessoas geralmente ignoram os sinais e sintomas, relatando “ah, isso é normal” ou “sou assim mesmo, sempre tive isso”. Muitos apresentam a doença e não sabem e por isso, o diagnóstico torna-se mais difícil.

A doença celíaca (DC) que há poucos anos achava-se ser rara, grave em seus sintomas e com acometimento basicamente em crianças, mostrou nos estudos das últimas décadas ser uma doença relativamente comum, atingindo cerca de 1 a 2% da população. Então, se você tem mais de 2 desses sintomas, mesmo que leves, minha orientação é que procure um médico para que este inicie a investigação. O diagnóstico não é fácil, e muitas vezes faz-se necessária a prova terapêutica. As orientações após o diagnóstico não são simples e deve haver um acompanhamento com o médico e nutricionista, em conjunto.

Para entender melhor o mecanismo da Intolerância ao Glúten, recomendo que assistam ao vídeo a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=IsVaO29iNdY

Abaixo, coloquei algumas informações extras e mais técnicas para quem quer se aprofundar no assunto:

Mais comentários dos estudos científicos sobre Intolerância ao Glúten e Doença Celíaca

  • Ambas têm origem autoimune (desregulação de linfócitos T);
  • A alteração da permeabilidade da mucosa intestinal nos intolerantes ao glúten leva ao aumento na absorção de várias substâncias (antígenos) capazes de desencadear uma reação imunológica, causando a alopecia areata (formação de anticorpos com a capacidade de destruir o folículo piloso).

O fato curioso é que os pacientes relatados no estudo que não respondiam ao tratamento tradicional da alopecia, foram beneficiados com a dieta livre de glúten feita por meses. Começaram a repilar desde então (crescimento de fios no couro cabeludo) e esse fato mostra que não pode ser ignorada a forte relação entre as duas condições. Porém, ainda há divergências porque alguns trabalhos mostraram que certos indivíduos não responderam com a dieta livre de glúten. Ainda não sabemos dizer o porquê dessas diferenças nas respostas, mas já existem justificativas consideráveis para iniciarmos a pesquisa de DC (doença celíaca) nos pacientes portadores de AA (alopecia areata) e se for o caso, pensarmos na possibilidade de exclusão do glúten nesses pacientes.

Muito obrigada e espero ter sido útil a vocês!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  1. J. Paediatr. Child Health (2003) 152–154
    Coeliac disease and alopecia areata in childhood.
    S FESSATOU, M KOSTAKI and T KARPATHIOS
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    Received: August 4, 1999
  3. Celiac Disease and Dermatologic Manifestations: Many Skin Clue to Unfold Gluten-Sensitive Enteropathy.
    Marzia Caproni,1 Veronica Bonciolini,1 Antonietta D’Errico, Emiliano Antiga,1, 2 and Paolo Fabbri1
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  4. Celiac disease.
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    Service, Hospital Universitario Central de Asturias, c/ Celestino Villamil s. nº. 33.006. Oviedo, Spain
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    DETLEF SCHUPPAN, First Department of Medicine, University of Erlangen-Nuernberg, Erlangen, Germany
  6. Cutaneous manifestations in celiac disease.
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    L Abenavoli, I Proietti, L Leggio, A Ferrulli, L Vonghia, R Capizzi, M Rotoli, PL Amerio, G Gasbarrini, G Addolorato L Abenavoli, L Leggio, A Ferrulli, L Vonghia, G Gasbarrini, G Addolorato, Institute of Internal Medicine, Università Cattolica
    del Sacro Cuore, Rome, Italy I Proietti, R Capizzi, M Rotoli, PL Amerio, Institute of Dermatology, Università Cattolica del Sacro Cuore, Rome, Italy
  7. The Many Faces of Celiac Disease: Clinical Presentation of Celiac Disease in the Adult Population, PETER H. R. GREEN, Celiac Disease Center at Columbia University, Columbia University Medical Center, New York, New York GASTROENTEROLOGY 2005;128:S74–S78
  8. Issues related to gluten-free diet in coeliac disease.
    Riccardo Troncone, Renata Auricchio and Viviana Granata Department of Pediatrics and European Laboratory for the Investigation of Food-Induced Diseases, University Federico II, Naples, Italy
    Department of Pediatrics and European Laboratory for the Investigation of Food-Induced Diseases, University

Escrito por,

The Legends Company

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