Acredito que posso dizer (após anos atendendo pacientes com problemas capilares diversos) que esse tempo de tratamento capilar é muito variável, pois depende de uma série de fatores que devem ser levados em consideração. Abaixo, coloco para vocês esses fatores que influenciam no tempo de tratamento capilar:
- Diagnóstico do problema capilar;
- Duração do problema capilar;
- Intensidade ou gravidade do quadro;
- Estilo de Vida;
- Disciplina no uso correto das medicações e o comprometimento com as orientações.
Durante a consulta, muitos pacientes me perguntam com certa angústia e ansiedade a respeito da duração do tratamento… Por vezes me sinto um tanto pressionada a responder-lhes precisa e objetivamente e após analisar como um todo o quadro do paciente, tento ao menos dar uma média de duração, explicando sempre sobre as variações existentes de uma pessoa para outra.
Geralmente, o INÍCIO da visualização da resposta de um tratamento capilar a olho nu é de 3 meses. Isso acontece devido ao tempo de renovação do ciclo capilar. Nenhum tratamento atua nos fios que já entraram para a fase telógena (queda). E é esta fase que dura 3 meses. Ao iniciar o novo ciclo, os fios já estão sendo tratados e é nesta fase que o paciente terá a percepção de melhora. Realmente, os 3 primeiros meses são angustiantes para o paciente que, mesmo seguindo o tratamento corretamente, se depara com a persistência da queda; mas quem persiste, verá a melhora do resultado progressivamente. Não acreditem em promessas de mídia que afirmam melhora em uma, duas ou três semanas com o uso de seus produtos. Se houve a melhora do quadro, provavelmente era um caso que já estava em fase de resolução espontânea, ou seja, melhora sem tratamento. A seguir, tentarei fazer como nas minhas consultas, e comentarei sobre cada uma das condições que interferem na duração do tratamento capilar. Lembrando que devem considerar esta análise como sendo uma média e não como um tempo preciso, ok?
1. ALOPECIA ANDROGENÉTICA
• Curso: crônico e progressivo. Neste caso, o objetivo do tratamento não é curativo. O objetivo visa estabilizar ou retardar ao máximo a progressão do quadro de calvície. Podemos perceber após meses de um tratamento completo, o aumento da quantidade e espessura de alguns fios. É comum nesta fase o paciente abandonar aos poucos o tratamento, o que acaba acarretando a perda de toda melhora. O tratamento deve ser mantido para toda a vida, mas sempre com acompanhamento médico. As medicações assim como suas associações (“reunião de medicamentos com o objetivo de alcançar maior efeito com doses menores”) e doses, modificam ao longo tempo e necessitam de monitoramento.
2. EFLÚVIO TELÓGENO AGUDO
• Curso: agudo e intenso. Neste caso, a perda assusta, pois os cabelos caem de uma forma muito intensa e em poucos dias e semanas. O paciente pode acreditar que em breve ficará completamente careca, mas isso não ocorrerá. Medicamentos quimioterápicos, abuso de drogas, intoxicação aguda por metais pesados e estresse agudo intenso são algumas das causas desse quadro clínico. O tratamento principal é a retirada da causa. Após a exclusão do fator causal, a melhora da queda e o início de reposição dos fios ocorre em 3 meses; lembrando que o cabelo cresce em torno de 0,8 a 1,2 cm por mês. O tempo para que todo o volume de cabelos retorne será maior, mas há tratamentos complementares que aceleram esse processo e são muito bem-vindos para estes casos.
3. EFLÚVIO TELÓGENO CRÔNICO
• Curso: crônico (+ 6 meses de evolução) podendo ser persistente, recorrente e curativo. Neste caso, a queda ocorre por meses e meses com períodos de maior e menor intensidade, o que pode levar à falsa impressão de que a situação esteja melhorando, mas em seguida há nova piora. Esses casos muitas vezes são difíceis de diagnosticar, pois acreditem, existem milhares de causas (metabólicas, nutricionais, digestivas, absortivas, hormonais, parasitárias, medicamentosas, etc. e até intoxicações) que podem contribuir com essa condição. Um tricologista experiente é fundamental na realização de um diagnóstico precoce. Aqui, o tempo de início de um tratamento específico e individualizado faz toda diferença. A automedicação com polivitamínicos pode ajudar no início, mas ao mesmo tempo mascara a causa principal dando a impressão de falsa melhora.
4. DERMATITE SEBORREICA
• Curso: crônico persistente ou recorrente. O tempo de melhora da Dermatite geralmente é mais rápido: entre 15 e 30 dias. Porém, se houver queda excessiva associada a este quadro, a melhora pode levar em torno de 3 meses. Não há cura definitiva, mas apenas o controle dos sintomas e o objetivo do tratamento visa a diminuição da frequência e gravidade das crises. Evitar os fatores de piora são fundamentais para prevenir recorrências.
5. ALOPECIA AREATA
• Curso: cura espontânea, recorrente ou crônico. Esta é a doença capilar que tem a maior variedade no tempo de resposta ao tratamento, pois pode ocorrer a cura sem tratamento em UM ou DOIS episódios durante a vida, que respondem e melhoram completamente com tratamento específico e até mesmo a ausência de resposta com os medicamentos sistêmicos de última geração.
6. ALOPECIAS CICATRICIAIS
• Curso: crônico. Por haver dano permanente e destrutivo das células-tronco do folículo piloso, a lesão é irreversível, ou seja, não há melhora ou reversão do quadro com o tratamento. O objetivo é estabilizar a progressão ou piora da doença. Ex.: Lúpus Discoide, Líquen Plano e etc.
Em caso de qualquer suspeita, procure o médico para que o diagnóstico seja feito o mais rapidamente possível, pois geralmente o tratamento capilar quando realizado em sua fase inicial, tende a evoluir melhor e mais rápido!
Um beijo grande e espero ter ajudado vocês 🙂
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
- Tratado de Dermatologia Fitzpatrick, Ed Revinter, 5o edição.